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O Movimento Cívico "Filhos da Terra" é constituído por indivíduos com ligações a Mangualde que por motivos pessoais ou profissionais se encontram a viver ou a trabalhar noutras localidades.

Este Movimento é apartidário e pretende ser um contributo de cidadania, tendo por objectivo despertar o interesse da comunidade para determinadas temáticas associadas aos desenvolvimento local e encontra-se aberto a todos os mangualdenses que queiram participar.

19 julho 2005

JN - 14 de Maio

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01 julho 2005

Conclusões

O Movimento Cívico ”Filhos da Terra” iniciou as suas actividades com o colóquio “Contributos para o Diálogo”, que decorreu no passado dia 14 de Maio, na Biblioteca Dr. Alexandre Alves, na cidade de Mangualde.

A iniciativa decorreu conforme as expectativas iniciais relativamente à adesão dos mangualdenses. Os seus membros sentem-se realizados por terem cumprido com o objectivo primeiro desta iniciativa: o de potenciar o diálogo entre oradores e público presente sobre os temas propostos o que veio a verificar-se com enorme interesse dos mangualdenses presentes, mais conscientes da necessidade de escutar todos os contributos, mesmo até aqueles mais desinteressados e desvinculados de forças mais ou menos politicas de carácter mais ou menos pacóvio.

Não podemos deixar de notar, no entanto, a ausência de alguns agentes de informação como os órgãos de comunicação social da cidade - reflexo talvez de alguma ligeireza com que alguns dos seus promotores exercem as funções que lhe foram confiadas - e dos responsáveis por cargos públicos e com responsabilidades no desenvolvimento local. O desconhecimento sobre os objectivos da iniciativa ou a (in)feliz coincidência de programas sobrepostos impediram por certo a sua presença e o seu contributo num diálogo mais alargado e rico com a participação de mais cidadãos que tinham aqui uma oportunidade para dar a conhecer os seus pontos de vista e estratégias para o desenvolvimento da nossa cidade.

Como estava previsto, o colóquio incidiu sobre temáticas que fazem actualmente parte do complexo de variáveis condicionantes do desenvolvimento territorial local, regional e nacional. Tónica dominante assentou nas questões relacionadas com a competitividade e a coesão.

A necessidade de partilhar conhecimento e informação, bem como o trabalho em rede através de ligações locais que se querem fortes é fundamental. Já a participação em rede supra locais em que as ligações são ”fracas”, poderão e deverão ser incentivadas para a resolução não só de problemas locais, mas acima de tudo, para a resolução de problemas de âmbito regional. Trabalhar em complementaridade e não em situação de conflito com os municípios vizinhos para a construção de redes urbanas horizontais e “policênticas” é o caminho a seguir, conforme foi comprovado com os exemplos internacionais de Lyon e Bolonha.

O Município de Santa Maria da Feira foi apresentado como um estudo de caso nacional não só pela sua actividade cultural mas sobretudo pela forma como comunica com os seus habitantes.

Este concelho destaca-se dos seus semelhantes, tanto pela força histórica do seu passado, bem representado pela existência do castelo, como pelo vigor com que desafia os tempos modernos bem patente na actividade turística/cultural da câmara municipal e na imagem de marca que lhe está afecta. A par de toda esta realidade, Santa Maria da Feira tem feito, nos últimos anos, uma grande aposta na inovação e modernidade que tem influenciado a vivência quotidiana e potenciado a sua qualidade.

São vários os equipamentos à disposição da autarquia que servem de palco a toda a actividade turística/cultural. O castelo de Santa Maria da Feira destaca-se pela sua singularidade e surge como símbolo reconhecido pela comunidade (efeito de pertença) na denotação do seu património histórico e cultural, assim como pela conotação com a singularidade de estilo de vida dos seus consumidores em relação aos concelhos envolventes, sendo usado para a promoção do turismo e manifestando-se presente na marca da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.

De reconhecida importância para comunicação e promoção da marca Santa Maria da Feira e das actividades da câmara municipal, surge o gabinete de comunicação e relações públicas que conta, na sua estrutura, com profissionais de várias áreas, nomeadamente do design de comunicação, área considerada de elevada importância para a promoção e divulgação da actividade turística/cultural, reconhecendo-se uma unidade gráfica que subsiste nos veículos de divulgação, pelo formato, retórica e constância na presença da marca Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.

A cidade tem construído a sua identidade a partir da forte imagem de marca e apoiada nos eventos de cultura e animação. Embora não explícitos, os valores de rigor, simplicidade, eficácia, continuidade cultural, funcionalidade, delicadeza e modernidade surgem como sustentabilidade cultural, valorização ética, valorização da racionalidade e modernidade para o esclarecimento; enfim, os valores da democracia.


A importância dos sistemas de informação e comunicação - SIC.

Os objectivos da utilização destas ferramentas passa por aumentar a competitividade e a produtividade do tecido empresarial, quer como negócio, quer como suporte ao negócio; Aumentar as habilitações, competências e níveis de conhecimento da população; Dinamizar a sociedade civil, com o objectivo de promoção do bem-estar e da qualidade de vida dos cidadãos; Contribuir para a modernização, racionalização, responsabilização e revitalização da Administração Pública e do aparelho do Estado. Os principais problemas são que os SIC são encarados como um custo e não como fonte de receita, esquecendo-se que a informação é um dos bem mais preciosos. O não acesso aos programas e fundos de apoio à modernização são oportunidades perdidas. Outro dos problemas identificados diz respeito à ausência de comunicação entre as entidades constituintes do tecido social, empresarial, cultural.
No que diz respeito aos caminhos a seguir pela administração pública foram realçadas as seguintes acções específicas:

• Promover a formação e qualificação do tecido humano através da massificação do uso de SIC’s, apostando na criação de programas e protocolos com os organismos de educação locais, e na formação dos quadros empresariais;
• Disponibilizar informações e serviços relacionados com a região e com a vida local, incluindo o património cultural;
• Criar portais empresariais com informações e serviços relacionados com aspectos económicos da Região;
• Criar uma rede de informação agregadora do conhecimento relacionado com a economia local;
• Criar portais com informações sobre programas específicos da União Europeia relacionados com o desenvolvimento regional;
• Promover condições de fixação empresarial e de criação de novas empresas ligadas aos SIC’s;
• Disponibilização de um conjunto de serviços para permitir a participação dos cidadãos na vida pública local, bem como de ferramentas para criação, publicação e alojamento de páginas Internet.

Em suma, tornar os diversos serviços públicos independentes, mas complementares e comunicantes, orientados ao cidadão e centrado na região.

A importância do espaço público foi cruzada com as questões de identidade e referência, no fundo a construção de um sentimento de pertença colectiva. O factor social e cultural, abordando a inevitabilidade Física do espaço de encontro aleatório ao funcional.
Os factores de crise do espaço público advêm dos desfasamentos de referências e funcionalidades face a fenómenos de Individualização e Interiorização, bem como ao ritmo de vida acelerado e competitivo dos dias de hoje, tal como o comodismo e facilitismo com que encaramos os problemas públicos. Mas a concorrência “parasitária” de novos modelos e formas de espaço público / colectivo, tais como os Centros Comerciais e Hipermercados também induzem a uma perda de Identidade por excesso de oferta; a proliferação dos “Não Lugares” – auto-estradas, aeroportos, estações - e dos espaços intersticiais, nomeadamente as sobras e resquícios das operações de loteamento.

No que diz respeito à concepção e produção do espaço público, este encontra-se bastante cingido às sociedades complexas (polimórficas e polissémicas) que nos tornámos, a perda de legitimidade e a incapacidade das administrações (centrais, regionais e locais) para com o espaço público é por demais evidente. Tudo isto, acrescido pela própria concepção e produção de espaço público pelos privados, em busca do lucro mais fácil, utilizando mormente materiais de baixa qualidade nos seus espaços colectivos e loteamentos, e uma alta densidade habitacional em detrimento dos espaço colectivos de recreio e lazer, isto porque as autarquias não efectuam a contratualização ponderada com vista à sustentabilidade dos locais e à qualidade de vida dos seus habitantes.

Outro dos factores de crise são as debilidades e dificuldades ao nível do planeamento e do urbanismo, com perda do “Espaço Público à Cabeça” e as deslocações e desfasamentos culturais e de identidade, pois nem sempre os técnicos conseguem fazer passar a sua mensagem aos destinatários. Soluções para a inversão destas tendências, passam pela “Formatação da encomenda”, implicando participação pública desde a definição do programa até à sua implementação, incorporando uma ideia e uma imagem de cidade. Para tal há que reflectir previamente nas questões da competitividade e inter-Cooperação Territorial, na construção de consensos e num pensamento e desenvolvimento estratégico. Em suma: Espaço Público PARA QUÊ? PARA QUEM? Aliada à capacidade disciplinar de desenvolvimento e vanguarda.

Subordinado ao tema do Encontro do Turismo com o Património Cultural na perspectiva da Gestão Turística e dos Recursos Culturais foram expostas algumas linhas de força a incluir na política cultural associada ao desenvolvimento
local e regional:

- Está presente a gestão cultural no programa do ordenamento do território?

- Confirma-se a necessidade de materializar o reconhecimento da dependência dos processos de desenvolvimento económico com a gestão dos recursos naturais e patrimoniais?

- Existe Cooperação supra municipal para a sua integração no espaço regional?

Estas são algumas das linhas de força para se incluir na politica cultural
associada ao desenvolvimento local e regional, assim como se formulam como questões de ordem estrutural para a compreensão do lugar que ocupa a politica cultural no modelo territorial de gestão local. Delimitando um caminho a percorrer, que passará pela elaboração e desenvolvimento de um projecto de gestão turística dos recursos culturais.

As questões da Qualidade de Vida Urbana e a construção de sistemas de indicadores como instrumentos de apoio à definição de políticas e estratégias municipais foram propositadamente a última abordagem da tarde, o contributo final. A qualidade de Vida é um conceito multidimensional, cada vez mais é avaliada a qualidade de vida em cidades, normalmente a dois níveis: quantitativa – painel de indicadores e qualitativa – inquéritos à população.
Mas como construir um sistema de indicadores ? Haverá muitos modos. Foi apresentado o exemplo da Cidade do Porto, onde inicialmente se fixaram objectivos, tais como:
-Instrumento de apoio à actividade municipal
• caracterização das condições actuais
• monitorização e avaliação de tendências
• definição de prioridades para a acção
- Plataforma para o diálogo com outros agentes e para a participação dos cidadãos
• informação ao público
• concertação entre diversos agentes
• envolvimento dos cidadãos
A avaliação quantitativa passa por:
• modelo de análise (domínios e áreas temáticas)
• selecção de indicadores
• escala de análise
• rede de fornecedores
As potencialidades da avaliação quantitativa, são imensas, passam por analisar a situação presente, efectuar análises comparativas e fazer leituras de tendências. Contudo é fundamental garantir uma constante actualização da informação e uma revisão e adaptação dos indicadores.
Já a avaliação qualitativa passa por:
• dimensões a contemplar
• destinatários (amostra)
• construção dos instrumentos de notação
• recolha e tratamento da informação
As suas potencialidades advêm da captação da percepção da população, e de poder confrontar a análise qualitativa com a análise quantitativa, pois nem sempre os números nos dão a indicação da realidade e as pessoas não são apenas números, até porque deste modo se implica os cidadãos na transformação da cidade. Também aqui é preciso garantir a periodicidade da aplicação dos inquéritos.

Relativamente ao debate, este foi rico e frutuoso, tendo servido para esclarecer dúvidas surgidas pelas apresentações, as quais foram respondidas pelos intervenientes, e assinalar novamente as intenções do movimento, que também é político, mas não partidário, como foi referido pela plateia.

Pela nossa parte consideramos que foi dada a nossa humilde contribuição para a inscrição de algumas temáticas e preocupações nas estratégias dos nossos futuros governantes.

No caso da não-aceitação do repto que foi lançado aos restantes filhos da terra, os fundadores do movimento comprometem-se a no próximo ano efectuar nova iniciativa, sendo que nesse caso, uma vez que as eleições autárquicas elegeram novos governantes, poderá haver lugar à crítica e à avaliação de desempenho, algo que, evitámos de todo que ocorresse neste primeiro momento de reflexão já que de um contributo se tratava.

Apelamos novamente a todos os filhos da terra que queiram apresentar e partilhar os seus pontos de vista e/ou a sua experiência para se juntarem ao movimento.

Fernando Pau-Preto
João Martins

 
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