Site Meter

O Movimento Cívico "Filhos da Terra" é constituído por indivíduos com ligações a Mangualde que por motivos pessoais ou profissionais se encontram a viver ou a trabalhar noutras localidades.

Este Movimento é apartidário e pretende ser um contributo de cidadania, tendo por objectivo despertar o interesse da comunidade para determinadas temáticas associadas aos desenvolvimento local e encontra-se aberto a todos os mangualdenses que queiram participar.

29 dezembro 2006

PSA garante manutenção da fábrica de Mangualde / Peugeot nega fecho de Mangualde / PSA desmente fecho da fábrica de automóveis de Mangualde

Para finalizar o ramalhete aqui ficam as notícias de desmentido do Público, DN e JN de 29 de Dezembro. Assim me despeço e desejo umas boas saídas e melhores entradas para 2007.

PSA garante manutenção da fábrica de Mangualde

Lurdes Ferreira in PÚBLICO de 29 de Dezembro

O grupo francês nega planos de deslocalização, apesar da agitação que reina à volta da sua maior unidade europeia, instalada na Galiza, e da qual Mangualde depende.

O grupo PSA (Peugeot Citroën) garantiu ontem não ter planos de deslocalização da produção da fábrica de Mangualde para Vigo e diz continuar interessado na compra dos terrenos contíguos à unidade para se expandir, um objectivo que persegue já desde 2001.

"Queremos fazer a expansão da fábrica, a produção está previsto continuar. Mangualde faz parte do aparelho produtivo da PSA", respondeu José Leitão, porta-voz da fábrica de Mangualde, ao PÚBLICO. Também o porta-voz do grupo em França, Hughes Dufour, afirmou ontem à agência Bloomberg que a unidade de Mangualde é "muito eficiente" e que a "empresa precisa da sua produção".
José Leitão declarou que a fábrica está há mais de cinco anos a tentar adquirir os terrenos contíguos à unidade. A questão tem-se, contudo, arrastado com a autarquia, dado o respectivo PDM considerar tratar-se de área residencial e não-industrial, estando em causa cerca de 80 mil metros quadrados.

O grupo não tem, contudo, planos específicos para a utilização imediata do espaço em disputa, mas declara precisar dele para "dar flexibilidade e mais área" à fábrica. Ontem, ao fim de cinco anos, recebeu a promessa pública do presidente da câmara de que o Estado expropriará rapidamente os proprietários em causa, se não houver acordo, já que a PSA quer os terrenos ao "valor de mercado e não a um preço dez vezes inferior". Pelo menos até ontem ao final do dia, a decisão de expropriação não tinha sido assinada, confirmou o PÚBLICO junto do Ministério da Economia.
Jorge Abreu, dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do Distrito de Viseu e trabalhador da Citroën de Mangualde há cerca de 11 anos, declarou ontem à Lusa que "há grande empenho para se chegar a acordo com os oito proprietários dos terrenos limítrofes".

Pedido público de ajuda
A reacção concreta das autoridades portuguesas aos planos da PSA surgiu na sequência do inesperado pedido público de ajuda do representante da PSA para Portugal, Paulino Alonso, ao Governo, em Novembro passado (ver caixa), mas o processo precipitou-se nos últimos dias, face ao receio de que os planos de racionalização da fábrica da PSA em Vigo, a sua maior fábrica europeia, incluam uma deslocalização da produção desta para França e, por sua vez, de Mangualde para Vigo.
A unidade de Mangualde, com os seus 1230 trabalhadores, funciona como unidade-satélite de Vigo, aumentando ou diminuindo a sua produção em função das necessidades do pólo galego, e não detém grandes ligações à indústria nacional de componentes, sendo essa considerada a sua grande vulnerabilidade. Esta é, aliás, uma questão recorrente, desde que se evidenciou que a saída da GM da Azambuja foi facilitada pela ausência de uma rede de fornecedores nacionais que servissem para ancorar o investimento. Perante a (histórica) "muito baixa" incorporação de componentes nacionais nos carros saídos quer de Mangualde (Citroen Berlingo e Peugeot Partner) quer de Vigo - apenas a Epedal e a Simoldes fornecem a unidade galega -, o presidente da AFIA e do CEIIA, Aloísio Leão, até admite que uma eventual mudança de estratégia em Vigo pode "trazer abertura" no futuro para os fornecedores portugueses, embora considere que esse não é o cenário imediato.
A fábrica galega entra neste momento numa fase de estabilização dos seus fornecedores para a produção do novo modelo C4 Picasso. A nova linha de produção implicou um investimento de 800 milhões de euros e a entrada de novos fornecedores no seu parque industrial.


Vigo com medo de perder autonomia
A demissão inesperada do líder histórico da fábrica de Vigo, Javier Riera, na sexta-feira passada, ante a possiblidade de deslocalização da produção para França, abriu uma crise no que é um dos principais pólos industriais da Galiza. O quartel-general da PSA em França não falou até agora em deslocalização, apela à tranquilidade na Galiza, mas adverte, ao mesmo tempo, que a nova equipa directiva do grupo, que Christian Streiff liderará partir de Fevereiro, será quem vai marcar as prioridades para o futuro, como escrevia ontem o Faro de Vigo.
Quem demonstra as maiores preocupações é o próprio sector automóvel da zona que cresceu com a PSA, sendo hoje de cerca de sete dezenas de empresas. A mudança mais temida é que a fábrica galega deixe de ser um "centro-piloto" e perca, por isso, a produção exclusiva mundial de determinados modelos e o poder de escolher os seus próprios fornecedores de componentes.

"Ligação a Vigo é trunfo de Mangualde"
A PSA prepara-se para mudar de estratégia, na linha do seu plano de corte de custos que anunciou em Setembro, mas parece não mudar em relação ao que quer de Mangualde. Jean-Martin Folz, o homem que geriu o grupo francês nos últimos nove anos e que se prepara para dar o lugar a Christian Streiff, defendeu em recente entrevista ao PÚBLICO que o grupo não coloca, neste momento, em questão a existência da fábrica de Mangualde, mas não abdica de a manter como unidade-satélite de Vigo. "Temos em Portugal uma pequena fábrica, a sua vocação não é crescer, também porque não tem espaço, mas, mesmo sendo pequena, tem oportunidade de beneficiar da associação e da proximidade com a fábrica de Vigo e da base de abastecimento de um grande centro de produção", disse. "Sr. ministro, interceda por nós""Sr. ministro, interceda por nós". Não foi assim, mas quase. No passado dia 3 de Novembro, Paulino Alonso, responsável da PSA para Portugal, interveio no fórum Thinknomics, organizado pelo Ministério da Economia, para fazer um apelo inesperado em público: pediu ao Governo que ajudasse o grupo francês a encontrar uma solução para a sua necessidade de expansão, em termos de terrenos. Na altura, queixou-se da limitação provocada pela expansão urbana à volta. Nesse encontro, anunciou também um aumento de produção em 20 por cento e a criação de mais 100 postos de trabalho, uma expansão que tinha sido concretizada já em Setembro.


Peugeot nega fecho de Mangualde

Leonor Matias in DN de 29 de Dezembro

O grupo francês PSA (Peugeot/ /Citroen) negou ontem a intenção de encerrar a fábrica de Mangualde. Em declarações à agência Bloomberg, Hugues Dufour, porta--voz do construtor automóvel, disse que o "futuro da fábrica está garantido", e que o grupo "precisa da sua produção". Dufour confirmou que a Peugeot se encontra em negociações para adquirir "mais terrenos e aumentar a capacidade da fábrica". No entanto, realçou, quer comprar os terrenos "ao valor de mercado e não a um preço dez vezes superior".

José Leitão, director da fábrica, acrescentou que a Câmara Municipal de Mangualde "poderá avançar com a expropriação dos terrenos". Também, Manuel Pinho, ministro da Economia, desmentiu a possibilidade de encerramento da fábrica da Peugeot/Citroen, e garantiu que "a muito curto prazo vai ser assinado um contrato de investimento no valor aproximado de oito milhões de euros para modernizar as instalações da unidade". Em causa está a instalação de uma nova unidade de pintura em Mangualde.
"O Governo tem seguido muito atentamente, e de uma forma construtiva, a situação da PSA, e não há qualquer indicador no sentido negativo", adiantou o ministro.
Jorge Abreu, representante do Sindicato dos Metalúrgicos e trabalhador da unidade, diz estar confiante no desfecho das negociações para a aquisição dos terrenos e adiantou que a autarquia está disposta a avançar para "as expropriações, caso as negociações entre os franceses e os proprietários falhem".
A direcção da Peugeot/Citroen pretende expandir a unidade, necessitando de um total de 80 mil metros quadrados.

PSA desmente fecho da fábrica de automóveis de Mangualde

Ricardo David Lopes e Rui Bondoso in JN de 29 de Dezembro


O director financeiro da PSA Peugeot Citroën de Mangualde garantiu ontem ser "totalmente falsa" a notícia que dava conta do encerramento iminente da fábrica. Em declarações ao JN, José Leitão admitiu que a PSA quer comprar um terreno adjacente com vista à eventual expansão da unidade e que não foi possível chegar a acordo com os proprietários, pelo que, agora, a questão - que pode passar pela expropriação - "está nas mãos da câmara municipal". Ainda assim, disse, o futuro da unidade não depende, pelo menos no curto-prazo, da aquisição do terreno.
O vereador da maioria PSD, Agnelo Figueiredo, acusou a Oposição camarária de "fazer política de terra queimada" com o caso da fábrica e de, alegadamente, ser a fonte de notícias ontem avançadas - o que foi de imediato desmentido pelo PS - que garantiam que a decisão do fecho seria tomada a 15 de Janeiro. Segundo o vereador - que negou que os proprietários do terreno tenham pedido por ele a "exorbitância" de 12 milhões de euros, tendo admitido que possa valer apenas um milhão de euros - a administração da empresa e a câmara vão reunir-se dia 15 para "fazer o ponto da situação".
A notícia fora antes desmentida por um porta-voz da PSA. À France Presse disse que a unidade "tem o futuro garantido e o Grupo precisa da sua produção". O responsável explicou que na carta enviada em 27 de Novembro pela PSA à autarquia era dito que "caso um plano concreto não seja apresentado nos próximos meses [sobre um acordo com os proprietários do terreno] o centro de produção de Mangualde deixará de fazer parte do plano estratégico do Grupo", mas sublinhou que este alerta representava apenas uma "posição de negociação".
A fábrica de Mangualde, criada em 1964, tem funcionado como de suporte à de Vigo, cujo futuro é incerto, após a demissão do seu director-geral, há uma semana. Produz os veículos Peugeot Partner e Citroën Berling. José Leitão garantiu ao JN que, mesmo que a produção destes modelos não se prolongue além de 2008, a fábrica tem condições (sem se expandir para o terreno em causa) para produzir o modelo sucessor . A fábrica, que é "rentável e não tem problemas de custos", emprega 1400 pessoas.

Investimento a caminho
O ministro da Economia disse ontem que "não tem fundamento" a notícia do encerramento da fábrica, até porque estão previstos novos investimentos na unidade "a muito curto-prazo". Segundo Manuel Pinho, que falava no final do Conselho de Ministros, em breve será assinado um contrato de investimento de oito milhões de euros. Já a hipótese de o terreno vizinho ser expropriado - ontem, um dirigente sindical disse à Lusa que Governo e Câmara tinham garantido que se avançaria para essa solução se não houvesse acordo com os proprietários - não mereceu comentários do ministro. O director financeiro da unidade confirmou ao JN que oficialmente desconhece esta intenção, apesar de o presidente da Câmara já a ter referido. José Leitão lembra ainda que a autarquia tem de alterar o PDM, para que naquele terreno possa nascer uma zona industrial, para a PSA ou outras empresas que venham a surgir no futuro.

"A C H A N T A G E M "

Finalmente, alguém com o mínimo de palmo de testa! Não terá sido por acaso que anteriormente mencionei que a parada era alta e que as cartas estavam a ser muito bem jogadas...

A fábrica de Mangualde da Peugoet-Citroën está em risco de fechar depois de 2008.

André Macedo in diarioeconomico.sapo.pt de 29 de Dezembro

Estava ontem, anteontem e vai estar nas próximas semanas. O Diário Económico acompanha este processo há vários meses. Conhece bem os intervenientes. Sabe que há 1400 empregos directos em risco e outros cinco mil que dependem desta fábrica. Quando colocamos em manchete que a Peugeot-Citroën está a um passo de abandonar o país sabemos o efeito arrasador que a notícia produz junto destas pessoas e das empresas que dela dependem: é uma notícia absolutamente devastadora para a vida delas. É por isso que pesamos as palavras e verificamos as fontes com todo o rigor. Não há nenhuma urgência em dar esta informação. É preferível adiá-la ou não a publicar se não há a certeza absoluta de que é mesmo assim. Não foi o caso de Mangualde. Só avançámos depois de estarmos certos do que está mesmo a acontecer.

E o que está a acontecer não é agradável. Em traços largos, a Peugeot-Citroën quer um terreno para alargar a fábrica. Acontece que o terreno de oito hectares não é do Estado e os donos exigem 12 milhões de euros por ele. O grupo francês acha demasiado caro, quer dar menos dinheiro, e por isso decidiu jogar pesado: ou o problema se resolve ou os planos para Mangualde vão para o lixo. Dito assim, parece um problema de lana caprina. Um terreno de 12 milhões de euros está a pôr em risco 6300 postos de trabalho de uma fábrica que abriu em Portugal há 42 anos. Parece impossível que tanta história seja posta em causa por tão pouco. Parece – mas não é.

A concorrência brutal na indústria automóvel – o que aconteceu à GM-Azambuja é paradigmático – tem levado as marcas a adoptar todo o tipo de pressão na sua relação com os países onde operam, especialmente os que são mais vulneráveis, como Portugal. Para se instalarem, estas multinacionais exigem benefícios fiscais, terrenos, co-financiamentos, formação profissional, tudo o que conseguem lembrar-se para baixar os custos. Vale a pena sublinhar: é normal e legítimo que o façam. Compete-lhes encontrar – constantemente – as melhores soluções para aumentar o retorno dos seus accionistas, o resto é um problema político que os ultrapassa.

O problema é o constantemente. Sempre que podem, sempre que está em discussão um novo modelo ou um novo investimento, estes grupos industriais estendem a mão e pedem mais uma ajuda, mais um apoio, mais uma garantia. Sem nunca o assumirem, no ar fica sempre a hipótese de deslocalizarem a produção. É o que está a acontecer em Mangualde: depois de 2008 nada está garantido. Mas esta é só uma parte da verdade. A outra parte é que este carrossel de exigências se traduz um beco sem saída que converte o ministro da Economia em bombeiro desesperado e demagogo. Sempre que há um problema, lá vai Manuel Pinho a correr com a carteira na mão, bolsos cheios de promessas e intenções. Não é uma bonita figura.

Qual é a solução? Já foi dito: passa por tornar o regime fiscal mais transparente e competitivo. Acabavam-se os benefícios ad-hoc – às vezes sem sentido – negociados sobre pressão e definia-se uma ‘flat-tax’ ou uma taxa de IRC verdadeiramente competitiva, como na Irlanda. Um país periférico tem de jogar com inteligência para atrair grandes e muitas empresas. Ou isso ou vive sob chantagem permanente, como em Mangualde.

Governo procura solução para fábrica em Mangualde / Futuro incerto

Já hoje, dia 29 de Dezembro a saga contínua. O mesmo diário sai com duas notícias (na versão digital) com Títulos e cabeçalhos diferentes mas com o mesmo corpo de notícia... comentários para quê!

Mas nada está garantido para além de 2008. / Fábrica da Peugeot-Citröen em Mangualde parece salva, mas a PSA não se compromete com o futuro. Governo e API estão no terreno.

Catarina Beato in diarioeconomico.sapo.pt de 29 de Dezembro

Sem certezas a prazo. Apesar das garantias do Governo sobre a continuidade da fábrica da Peugeot-Citröen em Portugal, o futuro da PSA permanece uma incógnita depois de 2008. Mesmo para as partes envolvidas. Questionada sobre o que acontecerá à unidade de Mangualde, a casa-mãe da PSA garante que a unidade está assegurada “enquanto forem produzidos os actuais modelos”. E depois de 2008, quando cessar a produção do Citröen Berlingo e do Peugeot Partner? “Não é possível assegurar o futuro”. Mesmo em caso de expansão da fábrica? “O futuro é indefinido”, remata o porta-voz da empresa em declarações ao Diário Económico. Para já, a PSA-França garante que precisa dos veículos actualmente produzidos em Mangualde, minimizando uma eventual saída. Isto apesar deste cenário ter sido primeiro levantado pelos seus representantes em Portugal.

Ontem, José Leitão, porta-voz da direcção da PSA em Mangualde, preferiu citar os termos da carta enviada em finais de Novembro ao presidente da Câmara Municipal de Mangualde. A mesma onde colocava um ponto de interrogação sobre o futuro da produção. “Se não puder apresentar à PSA, em Paris, uma possibilidade, concreta e certa, durante os próximos meses, o Centro de Produção de Mangualde deixará irremediavelmente de ser considerado no Plano de Desenvolvimento Estratégico do Grupo PSA”. A questão colocada prendia-se com a necessidade de obter terrenos para ampliar a actual fábrica, permitindo à PSA Mangualde candidatar-se à produção de um novo modelo, em 2009. Para já, reina o pragmatismo: “estou certo de que a Câmara, a API ou o Governo encontrarão uma solução”, acrescentou ao Diário Económico. “Para nós, o ideal seria uma solução sem custos”, afastando a PSA da compra directa. Porquê? “A nossa função é fazer carros e não comprar terrenos”, rematou José Leitão.

À margem destas certezas, correm as negociações entre as partes. Segundo confirmou ao Diário Económico fonte do Governo, ainda correm as conversações entre a direcção do grupo francês e Basílio Horta, depois do presidente da API se ter deslocado pessoalmente a Paris. À SIC Notícias, Basílio Horta garantiu que “as negociações ainda prosseguem”, e acrescentou uma certeza: “a PSA vai ficar e aumentar os seus negócios em Portugal”. Também o ministro Manuel Pinho fez questão de sublinhar ontem que o Governo “está a seguir muito atentamente o processo”, que “não há qualquer indicador negativo” quanto ao futuro da fábrica” e de que esta saída não “tem fundamento”. E aproveitou para anunciar um contrato de investimento de oito milhões de euros para modernizar a fábrica de Mangualde.

Quanto aos terrenos, a resposta só seria dada mais tarde: “Estes não serão argumento” para que a PSA abandone o nosso país, confirmou fonte oficial ao Diário Económico. António Soares Marques, presidente da Câmara de Mangualde e responsável pela mediação das negociações dos terrenos, esteve incontactável durante todo o dia. Sobre a possível expropriação mantém-se a dúvida sobre quem pagará os terrenos, não parecendo em risco, num futuro próximo, os 1400 empregos garantidos pela fábrica de Mangualde.

Mais uma fábrica em risco

Caros Mangualdenses, equivoquei-me, não foi lançada uma BOMBA como mencionei anteriormente, foi mais que uma e até parece que foram teleguiadas... e como não sou como o outro, eu engano-me algumas vezes e cometo erros, embora me esforce por rectificar, aqui fica a reparação... Repescando toda a história do Diário Económico, aqui fica a BOMBA, esta é de facto a inicial (a do dia 28 de Dezembro).

Catarina Beato in diarioeconomico.sapo.pt de 28 de Dezembro

PSA pode abandonar Mangualde a 15 de Janeiro
Uma semanada depois do fecho da General Motors, o grupo francês estabelece uma data limite para deixar Portugal.

O grupo Peugeot Citroën vai decidir até 15 de Janeiro se abandona Portugal. Fonte próxima do processo garantiu ontem ao Diário Económico que a possibilidade de a PSA deixar de produzir na fábrica de Mangualde “é real” e está a um passo de acontecer. Em causa estão 1.400 postos de trabalho directos e 5.000 empregos indirectos.
A manutenção da Peugeot Citroën em Portugal depende da ampliação da fábrica para novos terrenos para que o espaço tenha condições para concorrer à produção de um novo modelo do grupo, que deverá chegar no mercado em 2009. Os modelos actualmente produzidos – Peugeot Partner e Citroën Berling – vão sair de produção em 2008.
Em Novembro, a empresa enviou ao presidente da Câmara de Mangualde uma carta em que alertava para a possibilidade de encerramento da fábrica. O preço dos terrenos – 80 mil metros quadrados – para onde pretende expandir-se tem sido o grande obstáculo. Segundo uma fonte contactada pelo Diário Económico, os proprietários pedem cerca de 12 milhões de euros, um valor considerado excessivo pela Peugeot-Citoën.
A Câmara Municipal de Mangualde ofereceu-se, no inicio do mês, para intermediar o negócio, decisão tomada depois de uma reunião ocorrida no início da semana em Lisboa entre representantes da Citroën, a autarquia, os responsáveis da Agência Portuguesa para o Investimento (API) e o secretário de Estado da Economia e Inovação, Castro Guerra. Apesar do esforço, não foi possível chegar a acordo.
Na reunião ordinária da Câmara Municipal, realizada ontem, o presidente do município, António Soares Marques, confirmou que tem mantido conversações com os proprietários dos terrenos mas que o impasse se mantém. Sobre a possibilidade de expropriar os terrenos para resolver o diferendo, o vereador João Azevedo diz que ”a falta de liquidez da Câmara Municipal” pode “colocar em causa essa hipótese.”
A situação de Mangualde agravou-se face à indefinição da fábrica de Vigo da Peugeot Citroën, da qual Portugal funciona como unidade satélite. Javier Riera, director-geral da fábrica espanhola, apresentou a demissão na sexta-feira. A saída, que se consumará em Janeiro, parece estar relacionada com divergências face à estratégia da casa-mãe, em Paris, que planeia deslocar parte da produção da unidade de Vigo para França. O Diário Económico tentou obter a reacção da direcção da fábrica de Mangualde a estas notícias, mas não foi possível. O Ministério da Economia também não respondeu até ao fecho da edição.

A carta que assume a ruptura
A 27 de Novembro a direcção da Peugeot Citroën Automóveis de Portugal alertou a Câmara de Mangualde: se não for dada resposta à necessidade de aumento das instalações, este centro de produção ficará fora dos planos do grupo. “Se não puder apresentar à PSA, em Paris, uma possibilidade, concreta e certa, durante os próximos meses, o Centro de Produção de Mangualde deixará irremediavelmente de ser considerado no Plano de Desenvolvimento Estratégico do Grupo PSA, com todas as consequências negativas resultantes para a evolução económico-social de toda a região”, refere a carta da Direcção da PSA Portugal.

Quanto vale a fábrica
A unidade foi criada em 1964 para funcionar como suporte à unidade de Vigo.- Emprega directamente 1.400 trabalhadores, sendo cerca de 600 de Magualde e os restantes dos concelhos da região de Viseu. A fábrica da Peugeot Citroën é a maior empresa do distrito e suporta várias companhias locais, num total de 5.000 empregos. - Em 2005 foram produzidas mais de 53 mil unidades do Citroën Berlingo e do Peugeot Partner, o que representou um acréscimo de 48% face a 2005. Em Portugal, até Novembro, foram vendidos 13 mil comerciais ligeiros da Peugeot e da Citroën.

28 dezembro 2006

"O futuro de Mangualde está assegurado"

Para não nos acusarem de alarmistas ou pessimistas, aqui fica a esperada prenda de Natal, se bem que ligeiramente atrasada. Ficamos felizes pela confirmação de todos os postos de trabalho e que no ano de 2007 o grupo em causa consolide a sua posição no mercado e consequentes investimentos na nossa terra. Aproveitamos ainda a oportunidade de desejar a todos um bom ano de 2007.

Peugeot nega intenção de fechar fábrica em Portugal

Ana Luísa Marques (anamarques@mediafin.pt) in www.jornaldenegocios.pt , 28DEZ.06

A Peugeot Citroen negou a intenção de fechar a fábrica de Mangualde e adiantou estar em negociações para adquirir novos terrenos. O grupo contraria assim a noticia avançada hoje pelo "Diário Económico" que dava conta que a Peugeot Citroen estaria a um passo de abandonar Portugal.

"O futuro de Mangualde está assegurado", garantiu Hugues Dufour, porta-voz do grupo. Dufour referiu ainda à agência Bloomberg que a fábrica de Mangualde é "muito eficiente" e que a "empresa precisa da sua produção". A Peugeot está, neste momento, em negociações para tentar adquirir mais terrenos e aumentar a capacidade da fábrica portuguesa. No entanto, a mesma fonte garantiu que quer comprar as propriedades ao "valor de mercado e não a um preço dez vezes superior". A fabrica de Mangualde dá emprego a 1.230 pessoas e produz por ano cerca de 53 mil veículos.

PSA Peugeot afirma que questão do centro de Mangualde representa "uma posição negocial"

Repesca-se o lançamento da BOMBA original...

diarioeconomico.sapo.pt / Pedro Duarte com AFP /Automóvel 2006-12-28 14:00

A construtora francesa esclareceu hoje que a possibilidade do centro de produção de Mangualde deixar de fazer parte do plano de desenvolvimento estratégico do Grupo PSA é "uma posição negocial", dependendo a decisão final do desenrolar dos acontecimentos.

Segundo afirmou à agência AFP um porta-voz do Grupo PSA Peugeot Citroën, "não há um projecto de fecho [do centro em Mangualde]. A unidade tem o seu futuro garantido e o Grupo necessita da sua produção".Esta fonte precisou que a carta enviada pela PSA Peugeot à Câmara Muncipal de Mangualde, na qual é dito que, "caso um plano concreto [sobre a conclusão de um acordo com os proprietários dos terrenos vizinhos] não seja apresentado à PSA no decurso dos próximos meses (...), o centro de produção de Mangualde deixará de fazer parte do plano de desenvolvimento estratégico do Grupo PSA" representa uma tomada de "uma posição de negociação".

Perante este conflito, o presidente da Câmara de Mangualde, António Soares Marques, admitiu hoje a hipótese de expropriar os proprietários dos terrenos em questão.

Fonte próxima do processo garantiu ontem ao Diário Económico que a possibilidade de a PSA deixar de produzir na fábrica de Mangualde é “real” e está a um passo de acontecer.

A unidade da PSA em Mangualde emprega 1400 pessoas e gera mais 5000 postos de trabalho indirectos.

Franceses querem ampliar as instalações - Peugeot ameaça fechar fábrica de Mangualde

Afinal vamos bater o record de posts num só dia... esperemos que seja apenas fumo sem fogo!

Publicado em PUBLICO.PT a 28.12.2006 pelas 09h35

O grupo francês PSA, proprietário da Peugeot e da Citroën, ameaça encerrar a sua fábrica de Mangualde se não conseguir chegar a acordo, até 15 de Janeiro, para a compra de um terreno que irá permitir a ampliação das actuais instalações.
Estão em causa 1400 postos de trabalho directos e cinco mil indirectos, avança a edição de hoje do "Diário Económico".O problema deste processo reside no preço dos terrenos (privados), que a PSA pretende comprar para poder ampliar as suas actuais instalações. São 12 milhões de euros para uma área de 80 mil metros quadrados, mas o grupo francês considera que o preço é muito elevado e a câmara assume que não tem dinheiro para suportar as expropriações.

A Peugeot considera determinante a ampliação das actuais instalações de Mangualde para concorrer à produção de um novo modelo do grupo, que deverá ser comercializado em 2009.
Os modelos actualmente em produção em Mangualde — o Peugeot Partner e a Citroën Berlingo — terminam a sua vida em 2008.Em carta datada de 27 de Novembro, a direcção da Peugeot Citroën Automóveis de Portugal alertou a Câmara de Mangualde para a necessidade de ampliar as actuais instalações no concelho. Se não concretizar esse objectivo, o centro de produção de Mangualde fica "fora do plano de desenvolvimento estratégico do grupo PSA, com todas as consequências negativas resultantes para a evolução económica-social de toda a região", refere a carta da direcção da PSA Portugal.
A unidade de Mangualde foi criada em 1964 e funciona como suporte à unidade de Vigo. Em 2005, a fábrica produziu mais de 53 mil veículos das duas marcas, o que representou um aumento de 48 por cento em relação ao ano anterior. Este ano foram vendidos em Portugal 13 mil veículos comerciais ligeiros da Peugeot e da Citroën.

Fábrica da Peugeot/Citroën de Mangualde sob ameaça

Também no Diário de Notícias, tudo no mesmo dia !

Leonor Matias in DN, Economia de 28 de Dezembro de 2006

A continuidade da fábrica da PSA/Citroën de Mangualde voltou a ser questionada em virtude das mudanças verificadas na unidade de Vigo. Ao funcionar como fábrica-satélite da unidade espanhola, Mangualde terá sempre o seu futuro comprometido, pelo que a saída de Javier Riera da direcção da PSA da unidade galega trouxe de novo a ameaça da deslocalização da produção da fábrica portuguesa para Espanha. Aloísio Leão, presidente da Associação dos Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), afirmou ao DN que "ainda é cedo" para avaliar o impacto da demissão de Riera. Contudo, lembra que, a ser verdadeira a intenção da PSA de deslocalizar parte da produção da fábrica de Vigo para França, então o futuro de Mangualde pode estar comprometido, porque Vigo ficará sobredimensionada.

Basílio Horta, presidente da Agência Portuguesa para o Investimento (API), afirmou ao DN que as informações de que dispõe são de que a PSA/Citroën "tem projectos para se expandir" e a intenção de adquirir os terrenos adjacentes à fábrica "são prova desse interesse". A fábrica de Mangualde "é um investimento muito querido, que a API acompanha com cuidado". A PSA, salienta, "conta com o apoio interessado da API e da autarquia, no sentido de aumentar a capacidade instalada e desenvolver o investimento". Contudo, realça, "a última palavra é sempre do investidor". Basílio Horta recorda o caso recente da General Motors da Azambuja, em que "foi feito tudo para a fábrica continuar em Portugal", sem sucesso. E a fábrica fechou.

Ao funcionar como fábrica-satélite, a PSA de Mangualde monta os veículos que a fábrica-mãe não tem capacidade para produzir. A unidade monta actualmente os modelos comerciais Peugeot Partner e Citroën Berlingo, que serão substituídos por novos modelos a partir de 2008. O modelo que irá suceder ao Partner e ao Berlingo ainda não foi oficialmente anunciado pelo construtor automóvel francês. A fábrica portuguesa foi alvo de investimentos recentes, tendo sido montados novos robots há pouco tempo. O DN procurou obter uma declaração junto da direcção da fábrica, mas a unidade encontra-se encerrada até terça-feira, dia 2 de Janeiro.

Em Setembro, o grupo PSA/Citroën anunciou a supressão de dez mil postos de trabalho nas suas fábricas da Europa. Espanha, França e Reino Unido foram os países citados. No plano que prevê uma redução de custos de cerca de 125 milhões de euros, a PSA de Mangualde não era citada.

Câmara nega turbulência na fábrica da Citroën

Por Rui Bondoso e Teresa Cardoso in JN de 28 de Dezembro de 2006

A Câmara de Mangualde considera "abusiva" a extrapolação sobre o impacto negativo que a demissão do director-geral da fábrica espanhola, em Vigo, da PSA Peugeot Citroën, pode ter sobre a unidade de Mangualde. Nomeadamente se parte da produção da unidade galega for deslocalizada para França."Uma coisa não tem nada a ver com a outra. É abusivo fazer-se essa associação", reage Agnelo Figueiredo, vereador camarário.O autarca falava no final de uma reunião do executivo, realizada ontem à tarde, onde a Oposição socialista questionou a maioria PSD sobre o processo de negociação com os proprietários dos terrenos necessários à expansão da fábrica de Mangualde. Tudo porque os eleitos do PS entendem que é preciso impor celeridade nos contactos que têm vindo a ser desenvolvidos com a mediação da autarquia."Está tudo a correr muito lentamente. A Câmara só ainda falou com dois particulares donos de parcelas junto à Citroën. Por este andar não se chega a lado nenhum. Em nossa opinião, a autarquia devia avançar imediatamente para a expropriação, invocando o princípio da utilidade pública", exige João Azevedo, vereador socialista e ex-candidato à presidência da Câmara."A Oposição não sabe do que fala. Se soubesse, veria que não temos capacidade jurídica e legal para arcar com o processo expropriativo. Essa é uma competência do Governo. O que temos feito é mediar as negociações com os quatro proprietários de terrenos necessários à expansão da fábrica. Já falamos com dois deles e temos reuniões marcadas com os restantes, esta semana e na próxima. O ritmo decorre dentro da normalidade", explica Agnelo Figueiredo. A fábrica da Citroën de Mangualde é uma unidade satélite de Vigo, que dá emprego a cerca de 1300 pessoas e produz por ano mais de 50 mil automóveis, entre Citroën Berlingo e Peugeot Partner.Nos últimos anos a administração tem desenvolvido esforços para ampliar a área produtivo em mais 80 mil metros quadrados. Um processo que tem esbarrado com o facto de os terrenos estarem na posse de particulares, que pedem muito dinheiro para os vender à empresa fabril de Mangualde.

Sindicato cauteloso

A comissão sindical da fábrica da Citroën de Mangualde não confirma a saída de um dos directores da empresa (Pedro Pinheiro) para ocupar o lugar deixado vago pela demissão do responsável pela unidade de Vigo, Javier Riera. "O nome corre pelos corredores, mas não é o mais falado. O novo responsável para a empresa galega deverá ser de origem francesa, que é o mais natural", revela um sindicalista. A mesma fonte considera normal a mobilidade de elementos da administração no universo das empresas do grupo PSA e acredita que as medidas que se anunciam não irão afectar a unidade de Mangualde. "Não há nenhum cenário à vista que prenuncie situações indesejáveis. Estou mais preocupado com a eventual deslocalização da produção de Vigo para França", diz.

Fábrica instalada no concelho desde 1964 emprega actualmente cerca de 1300 pessoas que trabalham 24 sobre 24 horas

18 dezembro 2006

"Na Câmara com a Citroën"

DIA D, Ano 2, n.º 65, de 15 DEZ. 2006, pág. 10, in PÚBLICO
Em notas / Quadro de honra, entre Relevante e Patético foi colocado o seguinte texto:

PARCEIROS
A Câmara Municipal de Mangualde pode vir a expropriar um terreno para possibilitar a expansão da fábrica local da Citroën, que se queixa de os donos do imóvel estarem a pedir muito dinheiro. A este filme pode chamar-se "Na Câmara com a Citroën".

Haverá algum fundo de verdade, ou será mera especulação partidária, fica ao vosso critério...
Já agora aproveito para vos deixar outra reflexão e com certeza que não sou ou fui a único a lembrar-me de tal ! E se desclassificarem a estrada de S. Cosmado, desde a EDP até às bombas de gasolina e negociarem a cedência da mesma à multanacional em causa. Com negociarem, refeiro-me a contrapartidas da multinacional para com o município, nomeadamente X anos em que terão que permanecer em Mangualde, ou construírem um parque de estacionamento para os veículos dos seus colaboradores, ou ainda terem que construir passeios junto à estrada para dar mais segurança e conferir outra urbanidade, enfim o que não faltam são ideias...

15 dezembro 2006

PDM que estão a ser revistos correm o risco de ser inválidos

Para os que gostam de estar informados sobre as questões do ordenamento do território e das alterações do uso dos solos em sede de PDM.

PDM que estão a ser revistos correm o risco de ser inválidos
Provedor de Justiça já alertou Governo

Por José António Cerejo, in PÚBLICO nº 6106 Sexta, 15 de Dezembro de 2006

A lei faz depender a passagem de solos rurais a urbanos de um decreto cuja publicação é esperada desde 1999. Mesmo assim, o Governo continua a dar luz verde à alteração de muitos planos em vigor
Os planos directores municipais (PDM) que estão em fase de revisão e que prevêem a reclassificação de solos rurais como solos urbanos são susceptíveis de ser considerados ilegais, por falta de um decreto regulamentar que devia ter sido publicado há sete anos e ainda não o foi. A inexistência desse diploma, que deverá explicitar as situações excepcionais em que os perímetros urbanos poderão ser alargados, pode ter já ferido de ilegalidade os nove PDM cuja revisão foi ratificada pelo Governo desde 2000, bem como muitas das alterações pontuais aos planos em vigor entretanto aprovadas.O alerta para a nulidade das reclassificações efectuadas antes da entrada em vigor do decreto regulamentar, previsto no Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (DL 380/99) e ainda não publicado, foi dado em Setembro pelo provedor de Justiça. Numa recomendação então dirigida ao secretário de Estado do Ordenamento do Território, Nascimento Rodrigues instou o Governo a publicar o diploma em falta "com a maior brevidade possível" e pediu que fosse suspensa a ratificação de PDM revistos, "na parte em que contenham reclassificações de solos".Face à recomendação do provedor, o Governo respondeu que o decreto regulamentar seria publicado em 2007, mas nada adiantou quanto aos processos de revisão em curso. Uma porta-voz do secretário de Estado João Ferrão, contudo, disse anteontem ao PÚBLICO que o entendimento do Governo é o de que não se justifica a suspensão desses processos, uma vez que a Lei de Bases do Ordenamento do Território e o próprio DL 380/99 já contêm orientações suficientemente claras para restringir a transformação de solos rurais em urbanos a casos excepcionais. Este entendimento, que no limite aponta para a inutilidade da publicação do decreto em falta, é, no entanto, desmentido por diversas situações de facto que se estão a verificar um pouco por todo o país. É o caso da revisão do PDM da Moita, em que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo já deu luz verde a um aumento das áreas urbanizáveis que se aproxima dos 50 por cento (ver texto ao lado), não se vislumbrando quais os motivos excepcionais que o justificam. O mesmo sucede com as alterações que estão a ser feitas ao PDM de Tavira (ver caixa) ou com as que se perspectivam para Coimbra, com a proposta de aumento das áreas urbanizáveis de 3000 para 5000 hectares.


Sem regulamento a lei não é aplicável
Na origem da tomada de posição do provedor de Justiça encontram-se várias queixas que lhe foram dirigidas, nomeadamente sobre alterações propostas aos PDM de Tavira e de Torres Vedras em alegada violação da lei. O cerne da questão, explica-se na recomendação dirigida ao Governo, prende-se com o facto de o Decreto n.º 380/99 estabelecer, no seu artigo 72, o "carácter excepcional" da reclassificação dos solos rurais como solos urbanos, remetendo para um decreto regulamentar, a publicar no prazo de 120 dias, a definição dos "critérios uniformes" a que terão de obedecer todos os pedidos de reclassificação. Como a publicação desse decreto ainda não se verificou, e tendo em conta que "o legislador expressamente condicionou a reclassificação de solos como urbanos à precedente definição de critérios por via regulamentar", o provedor entende que "não pode o Governo aquilatar, caso a caso, da oportunidade e conveniência das reclassificações propostas". Daí que, sublinha, "pode dar-se o caso de a resolução do Conselho de Ministros que ratifique a revisão de um plano director municipal se mostrar inválida por tolerar a reclassificação de um conjunto de solos rurais como urbanos, na falta do decreto regulamentar cuja publicação se aguarda há perto de sete anos".Nascimento Rodrigues observa também que "o legislador pretendeu inequivocamente conter as iniciativas de alteração na classificação dos solos, quase sempre orientadas para a desclassificação de manchas de solos rurais, de modo a torná-las aptas para o aproveitamento edificatório", contrariando "o impulso de proprietários e promotores imobiliários - nem sempre em convergência com o interesse público - na criação de novas frentes urbanas".De acordo com o provedor, o facto de o mesmo artigo 72 delimitar o "carácter excepcional" da reclassificação dos solos como urbanos - "limitada aos casos em que tal for comprovadamente necessário face à dinâmica demográfica, ao desenvolvimento económico e social e à indispensabilidade da qualificação urbanística" - é insuficiente para que a mudança da classificação se possa operar no respeito da lei.

 
Site Meter