Radioactividade à solta na mina da Cunha Baixa

Por RUI BONDOSO, in JN de 2009-02-09

A recuperação ambiental das minas de urânio da Cunha Baixa, desactivadas há década e meia, está por fazer. Este domingo, durante uma marcha de ex-mineiros, o autarca local exigiu a sua reabilitação. Para bem da saúde pública.
A radioactividade anda à solta nas minas de urânio da Cunha Baixa, Mangualde. "Há habitações quase encostadas ao couto mineiro e isso é um problema de saúde pública para quem lá reside e para a restante população da Cunha Baixa", alertou ontem o presidente da junta de freguesia, José Marques, que exigiu ao Governo a rápida reabilitação ambiental do sítio.
O autarca lançou o aviso no fim da marcha de ex-mineiros da extinta Empresa Nacional de Urânio (ENU), uma acção de protesto contra ao governo "que teima em não querer dar resposta às nossas reivindicações", reafirmou o porta-voz dos antigos trabalhadores da ENU, que voltou a lembrar as reivindicações nunca satisfeitas: indemnizações às famílias dos que morreram de cancro e a equiparação, para efeitos de reforma, do estatuto de 'fundo de mina' a todos os trabalhadores da NU.
A marcha, de 25 quilómetros, alternada com percursos a pé e de autocarro, começou na Urgeiriça, em Canas de Senhorim, Nelas, cercas 8.30 horas.
Empunhando bandeiras negras e vestidos de t'shirt negras também, gritaram frases de protesto: "Sócrates escuta, os mineiros estão em luta", ou "a luta continua".
Ilda Figueiredo, eurodeputada comunista, participou na marcha. "Os mineiros lutam para que lhes sejam reconhecidos os direitos de um trabalho muito duro e perigoso", sublinhou, criticando a "insensibilidade" do Governo socialista e prometendo que o PCP, seja na Assembleia da República ou no Parlamento Europeu, "vai voltar a colocar questões sobre a luta dos mineiros".