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O Movimento Cívico "Filhos da Terra" é constituído por indivíduos com ligações a Mangualde que por motivos pessoais ou profissionais se encontram a viver ou a trabalhar noutras localidades.

Este Movimento é apartidário e pretende ser um contributo de cidadania, tendo por objectivo despertar o interesse da comunidade para determinadas temáticas associadas aos desenvolvimento local e encontra-se aberto a todos os mangualdenses que queiram participar.

26 junho 2006

Peritos alertam Fábrica de Mangualde pode ser nova Azambuja

A fábrica da PSA deve ser acompanhada "com particular atenção", diz o centro de inovação Inteli. Para evitar os riscos que se tornaram realidade na Azambuja.A PSA de Mangualde deve "ser uma empresa a acompanhar com particular atenção", aconselha o centro de inovação Inteli, no momento das lições que se devem tirar sobre o que correu mal com a GM da Azambuja. Tal como a GM da Azambuja tem funcionado como uma extensão da fábrica de Saragoça, também a unidade de Mangualde tem sido uma extensão da fábrica de Vigo, do grupo francês Peugeot Citroen. "A estratégia da PSA com a unidade de Mangualde não é muito diferente da da GM com a Azambuja", sublinha a Inteli, com a agravante de não montar nenhum modelo em exclusivo, como é o caso do Combo, mas sim versões de veículos produzidos em Vigo. Uma relação a que se aplicará a velha expressão: se Vigo se "constipar", Mangualde apanha uma "pneumonia". O momento não é de risco, segundo a entidade que tem desenvolvido a maior parte do seu trabalho à volta do sector automóvel, mas é crítico ao nível do acompanhamento deste investimento estrangeiro, já que a fábrica de Vigo está também numa "fase de mudança de ciclo de produtos". Está a preparar-se para novas versões do Xsara Picasso, a lançar no salão de Paris em Setembro, e para um investimento de 200 milhões de euros.Para vários industriais portugueses do sector automóvel, há actualmente motivos para questionar a competitividade do país. Não apenas pelo caso da GM da Azambuja, mas também por outros desinvestimentos, como o recente da Yazaki Saltano. O grupo japonês vai deslocalizar a sua produção para a Galiza, para o perímetro da fábrica de Vigo, ou seja, para pouco mais de 200 quilómetros para norte.Quanto a Mangualde, hoje unidade satélite de Vigo, a mudança de ciclo de produto pode representar uma oportunidade para melhoria de processo - não há nenhuma redução de produção em vista nem nenhum modelo em fim de vida. No entanto, exibe mais um e determinante factor de vulnerabilidade idêntico ao da GM da Azambuja e que já "vitimara" a velha Renault de Setúbal, ou seja, a ausência de uma unidade de estampagem.A PSA de Mangualde, que garante um quarto da produção automóvel nacional, montou, no ano passado, 53.426 Citroen Berlingos e Peugeot Partners, seis unidades a menos do que em 2004, sendo dois dos modelos que a unidade de Vigo também produz. Toda a estampagem (grande metalomecânica) é feita em Vigo e a maioria dos componentes vem de lá também.A unidade portuguesa, enquanto linha de montagem com os seus 1230 trabalhadores, tem funcionado como ponto de apoio a Vigo, para onde esta transfere mais ou menos produção, sobretudo séries especiais, consoante o ritmo a que está a trabalhar. Vários fornecedores portugueses distinguem, no entanto, esta fábrica do grupo francês da da GM da Azambuja, afirmando que tem progredido em termos de actividade. A fábrica tem um processo de fabrico completamente manual, mas está preparada para montar quase todos os modelos standard e séries especiais, segundo a própria PSA.As opiniões dividem-se apenas quanto às capacidades físicas de expansão da fábrica, por estar limitada de um lado pela povoação de Mangualde e do outro por duas linhas de caminho-de-ferro. Há quem considere isso um factor de peso, há quem o veja como um detalhe.

Lurdes Ferreira in Jornal PÚBLICO, nº 5934 Segunda, 26 de Junho de 2006

 
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